Identificar parâmetros de comparação entre a saúde das aves e o ambiente em que estas se encontram e reconhecer relações entre a atividade humana, as alterações climáticas e o bem estar das aves é o objetivo do estudo do Médico Veterinário José Carlos Roble Júnior, aluno de mestrado da Universidade Federal do Paraná. O trabalho começou em outubro de 2012 e é realizado em conjunto com o levantamento das espécies de aves que ocorrem no Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange (PNSHL), do qual participam pesquisadores da UFPR vinculados ao Centro de Estudos do Mar e ao campus Palotina, além da equipe do Parque.
Para permitir a padronização e comparação dos dados, o trabalho de José Carlos está dirigido a quatro espécies de aves: sabiá-coleira, tiê-da-mata, flautim e limpa-folha-coroado. A avaliação física consiste em um exame clínico do animal, coleta de ectoparasitas (carrapatos, piolhos) e coleta de sangue também para posterior identificação de hemoparasitas.
Em seu projeto, o pesquisador destaca a importância do estudo para preencher lacunas de informações sobre parasitas de aves da região de mata atlântica e para enriquecer a discussão com relação a influência das atividades humanas e do clima sobre a saúde das aves, iniciado em 2010 pelo Médico Veterinário Paulo Mangini, que estudou a questão em vilas de pescadores no litoral paranaense. Mangini observou impactos de origem antrópica (humana) sobre a distribuição e a diversidade de aves florestais, demonstrando a existência de uma correlação entre diferentes graus de urbanização, carga parasitária e estado de saúde destas aves. A pesquisa no PNSHL e em seu entorno trará informações sobre outro tipo de ambiente florestal e diferentes atividades humanas, ampliando o diagnóstico da situação, já que as áreas amostradas incluem matas próximas a atividades agrícolas, pecuária, piscicultura, mineração e zona urbana, além de duas áreas controle, dentro da Unidade de Conservação.
Para Beatriz Gomes, médica veterinária e analista ambiental do PNSHL, estudos como este são importantes para que se tenha a real dimensão da influência que as atividades humanas exercem sobre a saúde dos animais silvestres, especialmente daqueles que vivem na fronteira entre a floresta e as zonas rural e urbana. Para a gestão do Parque, a pesquisa contribuirá com informações importantes para a elaboração do Plano de manejo, qualificando o planejamento e a adoção de estratégias de conservação das aves em conjunto com as atividades econômicas do entorno.
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