Um Lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis) apareceu hoje, 30 de julho, perto da praia central de Matinhos, Paraná. A equipe técnica do Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange isolou a área e orientou as pessoas a permanecerem afastadas e não alimentarem o animal. Biólogos do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (Pontal do Sul) foram então chamados ao local, registrando e marcando o lobo-marinho. Como sua condição de saúde era boa, foi deixado no local, para que descansasse e se recuperasse para poder seguir viagem.
Também chamado de lobo-marinho-sul-americano, o A. australis é um mamífero carnívoro com ampla distribuição geográfica no hemisfério sul, sendo encontrado tanto na costa do Oceano Atlântico quanto do Pacífico. Na costa Atlântica da América do Sul, ocorre desde o extremo sul da Argentina e ilhas vizinhas (Ilha dos Estados e Ilhas Falklands) até a costa do Uruguai, onde existe a maior colônia reprodutiva da espécie na Ilha dos Lobos, com mais de 150.000 indivíduos. A reprodução acontece nestas colônias nos meses de outubro a dezembro.
No Brasil, as pesquisas mostram que há predominância de indivíduos jovens. Embora possam ser observados até o litoral do Estado de São Paulo, ocorrem regularmente no Rio Grande do Sul durante o inverno e a primavera em duas áreas protegidas: o Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, unidade de conservação federal localizada em Torres; e o Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste, unidade de conservação municipal localizada em São José do Norte. Os machos adultos atingem quase 1,90 metro e as fêmeas, 1,50 metro de comprimento.
Esta espécie não é considerada sob risco de extinção no Brasil, porém o Plano de Ação Nacional para Conservação dos Mamíferos Aquáticos – Grandes Cetáceos e Pinípedes estabeleceu 4 metas voltadas para o objetivo de colaborar para a conservação da espécie e determinar os fatores de sua distribuição no Brasil. Embora não haja evidências de ameaças, diversos fatores antrópicos que afetam outras espécies podem contribuir para a redução da população do lobo-marinho-do-sul: a alteração e a degradação do hábitat costeiro marinho; a expansão urbana na zona costeira e a atividade portuária próximo às áreas protegidas; capturas (intencionais ou não) em redes de pesca; turismo descontrolado; prospecção e/ou exploração de óleo e gás são algumas delas.
É importante frisar que o animal encontrado em Matinhos, a exemplo de muitos outros que chegam ao nosso litoral, estava apenas cansado da viagem. A necessidade de remoção deve ser avaliada por uma equipe técnica, pois a remoção desnecessária, apesar de não ser considerada uma ameaça à conservação, é um dos problemas enfrentados pela espécie todos os anos quando chega à costa do Brasil.
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